sábado, 21 de outubro de 2017
"Só uma hipocrisia bem conhecida leva a dizer que destruir não é um prazer; pois todos conhecem bem esse prazer. O homem parado num caminho, á espera de alguém ou de qualquer coisa, pega numa vergasta e destrói ervas, ou ramúsculos de árvores, ou então, esmaga insectos, ou esmigalha calhaus; e a criança como de todos é sabido, é por natureza e por instinto, naturalmente destruidora. Destruir, repitamo-lo, é um prazer tão grande como construir; simplesmente, a hipocrisia manda dizer o contrário; mas aqueles que mais usam dessa hipocrisia são os que maior prazer intimo têm em destruir. O amor é, por essencia, ao mesmo tempo construção e destruição; e o prazer na destruição é, em muitos casos, superior ao da construção. É que a destruição é acto que se realiza, e, por vezes, com bem mais vigor, com bem maior intensidade na sensação do acto, do que a construção; daí a plenitude de prazer que o homem recebe dele. Não é dificil documentar este facto com fúrias de uma revolução, de uma guerra, e com a volúpia manifesta que o homem revela no acto revolucionário, guerreiro cruel e agressivo - volúpia que provém fundamentalmente dessa alta plenitude na sensação do acto de viver"
Abel Salazar - O que é a Arte?
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