Fernando Pessoa
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
“‘Pensaste já quão invisíveis somos uns para os outros? Meditaste já
em quanto nos desconhecemos? Vemo-nos e não nos vemos. Ouvimo-nos e cada
um escuta apenas uma voz que está
dentro de si. As palavras dos outros são erros do nosso ouvir,
naufrágios do nosso entender. Com que confiança cremos no nosso sentido
das palavras dos outros. Sabem-nos a morte, volúpias que outros põem em
palavras. Lemos volúpia e vida no que outros deixam cair dos lábios sem
intenção de dar sentido profundo. A voz dos regatos que interpretamos
[…] explicadora, a voz das árvores onde pomos sentido no seu murmúrio -
ah, meu amor ignoto, quanto tudo isso é nós e fantasias tudo de cinza
que se escoa pelas grades da nossa cela!’”
Fernando Pessoa
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