Carta a Ninguém.

Ola meu caro amigo, Ninguém.
Certamente esta carta te encontrará bem, possivelmente estarás em mais uma cruzada de pensamentos vácuos. Desculpa interromper a tua solidão para partilhar a minha sentida experiência de escrever para alguém que como eu, deixou de sentir e apenas pensa, pensa e repensa na ilusão de um mundo imaginário.
Meu querido, Ninguém, porque não existe aquele mundo que compomos nas nossas historias, porque nao existe aquelas criaturas estranhas mas ao mesmo tempo amigaveis? Os humanos sao umas criaturas tristes e despreziveis, alem e claro, superfluos.
Penso que partilharas da minha opinião, visto que já trocamos variadas impressões acerca deste tema. No meu pensamento existe uma guerra entre a realidade e o imaginário. É claro que a realidade persiste sempre em vencer e por isso contento me em oferecer o troféu da vitoria a essa realidade acatando as suas ordens e resignando me ao seu triunfo.
Oh que triste sorte a nossa!
Mas continuo na esperança de um dia poder entregar o trofeu á imaginaçao, desfazendo com um olhar esta realidade atormentadora. Nao, por favor, nao me chames maluca. Ja imaginaste o bom que seria deitar me no meio da floresta, no chão coberto de folhas, a olhar para o céu, onde trespassaria alguns fios de luz luminosa. Já imaginaste o que era poderes sentir te livre, e perfeitamente feliz, algo que a nossa bendita realidade não nos da.
Eu sei que concordaras certamente comigo, ambos fomos instruídos por aquele nosso querido poeta de nome, Fernando Pessoa, para tentarmos alcançar esse mundo imaginário, embora para já seja em vão.
Lembro me de ter lido algures que um familiar que o foi ver no dia após a sua morte, se dirigiu a um medico e afirmou que aquele que acabava de morrer não era mais que um inútil. Inútil?! É ultrajante! Que pessoa medonha.
Certamente que vive a vida dependendo da infelicidade, certamente nunca experimentou o sentimento que nos invade cada vez que escrevemos sobre esse mundo distante. Certamente que vive no meio da sua superficialidade julgando se talvez feliz, mas se pensasse, se pensasse veria que não é mais do que um infeliz. Afinal todos somos.
Espero ansiosamente pela resposta a esta minha divagação sobre o pensar e o sentir.
Os meus mais sinceros cumprimentos.
Peggy Spooky